quarta-feira, 13 de junho de 2012

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO NAS ÁREAS DE DESEMPENHO OCUPACIONAL

A Terapia Ocupacional tem como alvo a disfunção ocupacional. E essa é traduzida no cotidiano do indivíduo como uma dificuldade para a realização de alguma atividade que lhe seja rotineira, independentemente de se a causa para tal dificuldade é de ordem física, social, cognitiva ou outra. Portanto, um dos aspectos cruciais no processo terapêutico ocupacional é a atividade de vida diária, assim como as atividades instrumentais de vida diária, de educação, trabalho, o brincar, o lazer e a participação social.
As atividades de vida diária são descritas como tarefas de automanutenção, ou seja, cuidados do indivíduo para com o seu próprio corpo, e elas incluem: higiene pessoal e autocuidado, banho, alimentação, comer, vestuário, socialização, controle de esfíncteres, mobilidade funcional, cuidado com equipamentos pessoais, atividade sexual, uso do vaso sanitário, e dormir.


Já as atividades instrumentais de vida diária, são orientadas para interação com o ambiente e são frequentemente complexas, geralmente opcionais por natureza. Tais atividades incluem: cuidado com o outro, com animais de estimação e doméstico, criar e cuidar dos filhos; uso de equipamentos para comunicação, gerenciamento financeiro, cuidados e manutenção da saúde, estabelecimento e gerenciamento do lar, preparação de refeições e limpeza, procedimentos de segurança e emergência, fazer compras.

A habilidade ou inabilidade de desempenhar as AVD pode ser usada como uma medida prática de mensurar incapacidade. A necessidade de ajuda de outro para a realização de necessidades básicas de autocuidado é um fator crucial no planejamento e intervenções em saúde. Os métodos de avaliação funcional descrevem de forma ordenada as habilidades e atividades típicas do cotidiano de um indivíduo, documentando o uso individual de uma variedade de habilidades incluídas no desempenho de tarefas necessárias na vida diária, nos compromissos vocacionais, nas interações sociais, nas atividades de lazer e outros comportamentos requeridos.

Uso de instrumento de avaliação
A seleção de instrumentos de avaliação do desempenho das AVD’s e AIVD’s deve ser realizada baseada nos seguintes critérios: perfil da clientela, objetivos da intervenção a ser ofertada, filosofia da instituição prestadora, informações já disponíveis da clientela e modelos de assistência.

A seguir, alguns exemplos de instrumentos de avaliação que documentam o desempenho funcional de um indivíduo nas AVD’s e AIVD’s.

FONTE:
CAVALCANTI, A. & GALVÃO, C. Terapia ocupacional, fundamentação & prática. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007.
NEISTADT, M.E. (Org.); ARAÚJO, C.L.C.(Trad.) et al. Willard & Spackman - Terapia Ocupacional. Traduzido do original: Willard & Spackman's Occupational Therapy. 9ª. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

Reabilitação da Terapia Ocupacional nas Disfunções Neurológicas

Os terapeutas ocupacionais que atuam com clientes com disfunções neurológicas devem conhecer a interação entre neuroanatomia e a neuropatologia no impacto do desempenho ocupacional, assim como os princípios da neurorreabilitação que fundamentam sua prática.

Nas lesões do sistema nervoso central, a recuperação da função neurológica é consequente à habilidade do cérebro na solicitação de áreas não acometidas para a realização da função anteriormente executada pela área afetada ou habilidade para a formação de conexões novas a partir da criação de ramificação axônica com neurônios íntegros. Nas lesões do sistema nervoso periférico, a recuperação da função está relacionada à capacidade de regeneração dos nervos periféricos.

A compreensão da etiologia, prognóstico, fases de evolução e recuperação da disfunção neurológica e das estratégias terapêuticas ocupacionais proporciona os fundamentos necessários para realização da avaliação e elaboração, em conjunto com o cliente e a família, de um plano de tratamento com objetivos realistas a curto e a longo prazos.

A avaliação é iniciada com a realização de uma entrevista na qual serão enfatizadas as expectativas do cliente com relação ao tratamento e coletado um breve histórico da evolução dos sintomas. A avaliação, sempre que possível, deve enfocar a observação da perfomance nas atividades cotidianas relevantes para o cliente, objetivando a identificação de componentes que provavelmente estão interferindo no desempenho.

Essas hipóteses são confirmadas com a utilização de protocolos específicos. Porém em algumas situações, como clientes com o nível de alerta reduzido, a avaliação não poderá ser iniciada com a análise das áreas desempenho. Nesses casos, a avaliação é direcionada para mensuração dos componentes (força, adm, sensibilidade, tônus, reflexos, cognição, etc) que podem interferir posteriormente na execução das atividades.  Os dados obtidos na avaliação permitem a elaboração dos objetivos do tratamento terapêutico ocupacional, que estão focalizados na maximização do desempenho ocupacional a partir da realização de atividades com complexidade graduada, voltadas às habilidades deficitárias em consonância com os princípios do método de reabilitação utilizado.

Ressalta-se a importância de realizar avaliação durante todo o processo da intervenção terapêutica devido às alterações do quadro clínico e/ou rápido curso de algumas patologias.


FONTE: CAVALCANTI, A. & GALVÃO, C. Terapia ocupacional, fundamentação & prática. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007