Os terapeutas ocupacionais que atuam com clientes com disfunções neurológicas devem conhecer a interação entre neuroanatomia e a neuropatologia no impacto do desempenho ocupacional, assim como os princípios da neurorreabilitação que fundamentam sua prática.
Nas lesões do sistema nervoso central, a recuperação da função neurológica é consequente à habilidade do cérebro na solicitação de áreas não acometidas para a realização da função anteriormente executada pela área afetada ou habilidade para a formação de conexões novas a partir da criação de ramificação axônica com neurônios íntegros. Nas lesões do sistema nervoso periférico, a recuperação da função está relacionada à capacidade de regeneração dos nervos periféricos.
A compreensão da etiologia, prognóstico, fases de evolução e recuperação da disfunção neurológica e das estratégias terapêuticas ocupacionais proporciona os fundamentos necessários para realização da avaliação e elaboração, em conjunto com o cliente e a família, de um plano de tratamento com objetivos realistas a curto e a longo prazos.
A avaliação é iniciada com a realização de uma entrevista na qual serão enfatizadas as expectativas do cliente com relação ao tratamento e coletado um breve histórico da evolução dos sintomas. A avaliação, sempre que possível, deve enfocar a observação da perfomance nas atividades cotidianas relevantes para o cliente, objetivando a identificação de componentes que provavelmente estão interferindo no desempenho.
Essas hipóteses são confirmadas com a utilização de protocolos específicos. Porém em algumas situações, como clientes com o nível de alerta reduzido, a avaliação não poderá ser iniciada com a análise das áreas desempenho. Nesses casos, a avaliação é direcionada para mensuração dos componentes (força, adm, sensibilidade, tônus, reflexos, cognição, etc) que podem interferir posteriormente na execução das atividades. Os dados obtidos na avaliação permitem a elaboração dos objetivos do tratamento terapêutico ocupacional, que estão focalizados na maximização do desempenho ocupacional a partir da realização de atividades com complexidade graduada, voltadas às habilidades deficitárias em consonância com os princípios do método de reabilitação utilizado.
Ressalta-se a importância de realizar avaliação durante todo o processo da intervenção terapêutica devido às alterações do quadro clínico e/ou rápido curso de algumas patologias.
FONTE: CAVALCANTI, A. & GALVÃO, C. Terapia ocupacional, fundamentação & prática. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007
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