domingo, 1 de setembro de 2013

ARTIGO ESCRITO PARA O JORNAL ALECRIM

AUTISMO E TERAPIA OCUPACIONAL 
O tema autismo tem tido grande repercussão devido à veiculação na novela “Amor à Vida“, em programas, como “Fantástico”, em filmes e, principalmente, pelo número crescente de crianças diagnosticadas com esse transtorno. Mesmo com todas as informações divulgadas, ainda há grande dificuldade para ser diagnosticado e tratado. Como as crianças e adultos autistas apresentam a mesma aparência de outras pessoas, devido à natureza invisível de sua deficiência, pode ser muito mais difícil criar consciência e compreensão acerca de seus comportamentos.

Podemos dizer que o autismo é um transtorno de amplo espectro, com características que se apresentam desde o início da vida em três grandes áreas: INTERAÇÃO SOCIAL (a criança não responde a seu nome ou chamados diversos, tem pouco contato visual, prefere brincar sozinha); LINGUAGEM (quando mais nova, pode perder capacidade antes adquirida de dizer palavras ou frases, possui atraso de fala ou nem chegar a falar, usa um tom anormal ou rítmico - pode usar uma voz cantante ou robótica, pode repetir palavras ou expressões literais, mas não entende como usá-las); e COMPORTAMENTO (pode desenvolver movimentos repetitivos, tais como balançar, agitar as mãos; mover-se constantemente, ser fascinado por detalhes de um objeto, como as rodinhas de um carrinho de brinquedo, ter preferências alimentares estranhas, como comer apenas alguns alimentos ou itens de desejo que não são alimentos). Outras características bastantes comuns são: sensibilidade sensorial (em um ou mais dos cinco sentidos - visão, audição, olfato, tato e paladar-muito/pouco intensificados), interesses específicos por algo, rotinas ou rituais específicos e perturbação com a menor alteração, dificuldades de aprendizagens e de imaginação social, etc. Essas características variam, assim como a gravidade delas.

É importante destacar que não há uma criança autista igual à outra, pois o autismo possui diferentes graus de gravidade e variedade de manifestações. Por isso, utiliza-se o termo Transtorno do Espectro Autista para descrever toda a gama. Embora, no momento, não haja cura para o autismo, um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado proporciona uma melhora expressiva na perspectiva desses indivíduos.

O recomendado é que uma equipe multidisciplinar avalie e realize um programa de intervenção voltado para as necessidades específicas de cada um deles. Dentre alguns profissionais que podem ser necessários, podemos citar: Psiquiatras, Terapeutas Ocupacionais (de preferência com a abordagem de Integração Sensorial), Fonoaudiólogos, Psicólogos, Fisioterapeutas – quando necessário, Equoterapeutas, etc.

O enfoque em especial será dado a Terapia Ocupacional, que é uma profissão da área da saúde, que ajuda o indivíduo a se desenvolver, recuperar e construir habilidades importantes para sua independência, por meio de atividades significativas para ele. Assim, para a criança, será por meio do brincar; para os adultos, será por atividades do seu cotidiano (por exemplo: um indivíduo que perdeu a capacidade de se alimentar sozinho, a reabilitação será no sentido dele voltar arealizar essa ação). Desse modo, podemos trabalhar de forma preventiva, reabilitadora e promotora de saúde com tudo que dificulte ou incapacite o indivíduo em todas as fases de sua vida. Intervimos deste modo, em déficits físicos, neurológicos, ocupacionais, sociais; com dificuldades de aprendizagem, atrasos no desenvolvimento, transtornos emocionais, etc.

No indivíduo com autismo, a terapêutica terá como objetivo a melhora de sua qualidade de vida. Para isso, ela procurará ampliar as habilidades de brincar, aprender e também as de vida diária (saber se vestir, se alimentar, tomar banho) e prática (preparar um alimento, fazer compras) para que ele consiga ser funcional e independente dentro das suas capacidades, e possa participar de forma mais ativa no meio em que vive. 
Apesar existirem diversas abordagens terapêuticas ocupacionais que proporcionam significativos ganhos, a mais preconizada atualmente é o da Integração Sensorial, embora nem todos respondam a ela.

Sabemos que a maioria das pessoas aprende de forma natural a interpretar corretamente a informação recebida do mundo ao seu redor, mas algumas pessoas não o fazem. Os autistas, frequentemente, apresentam disfunção de integração sensorial, o que torna difícil para eles processar e filtrar as informações vindas dos sentidos; significa assim, que sons, cheiros, gostos e toques do dia a dia, que são normais para você, são extremamente dolorosos para as pessoas com o transtorno. O objetivo dessa terapia é facilitar o desenvolvimento da capacidade do sistema nervoso para processar informações sensoriais de uma forma mais típica, equilibrando a entrada desses sentidos, como também desenvolver estratégias para lidar com situações que são inevitáveis e que podem causar desconforto e confusão. Quando bem sucedida, pode melhorar o controle da atenção, concentração, audição, compreensão, equilíbrio, coordenação, impulsividade, entre outros, nos indivíduos com esse transtorno.

Larissa Cardoso
Terapeuta Ocupacional│CREFITO/4: 14.060
Rua: Maria Junqueira, 245, Sl. 411, Lundceia – Lagoa Santa
31 3681 27-52 │31 8602 - 7161

larissacardoso.to@gmail.com

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