O transtorno desintegrativo da infância (TDI) possui um histórico mais longo do que o autismo. Foi inicialmente descrito por Heller, em 1908. Heller relatou seis casos de crianças jovens que, após um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros três a quatro anos de vida, apresentaram uma perda muito grave das habilidades sociais e comunicativas. Heller denominou a condição "dementia infantilis". Essa definição é insatisfatória: primeiro, porque a condição não é comparável à demência, no sentido de que as características de perda de memória e de habilidades executivas não são proeminentes; e, em segundo lugar, porque nenhuma causa orgânica da trajetória do prejuízo pode ser encontrada.
No DSM-III, a síndrome de Heller foi, pela primeira vez, introduzida em um sistema de classificação psiquiátrica. Foi incluída sob a categoria abrangente de TID, pois a perda das habilidades sociais e comunicativas era muito proeminente. No entanto, o TDI não é caracterizado em seu curso pela deterioração continuada nem por nenhum progresso. Em outras palavras, após a regressão dramática no início, chega-se a um status quo, mas um tremendo impacto no desenvolvimento pode ser observado durante toda a vida.
PREVALÊNCIA
O TDI é uma condição extremamente rara.
CURSO DO TRANSTORNO
Nesse transtorno há um desenvolvimento aparentemente normal, pelo menos durante os dois primeiros anos de vida. O desenvolvimento da comunicação verbal e não-verbal, dos relacionamentos pessoais, dos jogos e dos comportamentos adaptativos apropriados à idde dá-se bem dentro dos padrões de normalidade.
Após esse período de desenvolvimento “normal”, a criança começa a perder as habilidades adquiridas (isso tem que acontecer depois dos dois anos e antes dos dez anos) em pelo menos 2 das seguintes áreas:
- Linguagem expressiva ou receptiva
- Habilidades Sociais
- Comportamento adaptativo.
- Controle Intestinal ou vesical
- Jogos e Habilidades Motoras
Observamos também anormalidades do funcionamento em pelo menos duas das áreas descritas abaixo:
- Prejuízos qualitativos na interação Social
- Prejuízos qualitativos na comunicação
- Padrões repetitivos, restritos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos
ETIOLOGIA
A etiologia ainda é desconhecida. Portanto, é possível que o TDI esteja fadado a desaparecer como categoria quando os instrumentos diagnósticos tornarem possível determinar as causas genéticas, metabólicas ou infecciosas envolvidas nesses casos ainda inexplicados. Um relato de caso aponta para um possível vínculo genético com o autismo em um caso em que o autismo e o TDI ocorreram em dois meio-irmãos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico só é prescrito quando a perturbação não é melhor caracterizada como um outro TID específico ou como esquizofrenia.
TRATAMENTO
Não existe tratamento para TDI. Como as complicações neurológicas, especialmente a epilepsia, são comuns e essas crianças funcionam no nível de grave a profundo retardo mental, é necessário uma abordagem multidisciplinar. Os pais necessitarão de psicoeducação focada nessa condição. Na maioria das vezes, quando os pais de crianças com TDI aderem a associações de pais de crianças com autismo ficam extremamente desapontados, pois o progresso visto em outras crianças com transtornos do espectro do autismo não ocorre com seu filho.
PROGNÓSTICO
Sabe-se pouco sobre o desfecho.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FACION, José Raimundo. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e Transtorno do Comportamento Disruptivo. Curitiba: IBPEX, 2005.