A Síndrome de Asperger é um transtorno
de múltiplas funções do psiquismo com afetação principal na área do
relacionamento interpessoal e no da comunicação, embora a fala seja
relativamente normal. Há ainda interesses e habilidades específicas, o
pedantismo, o comportamento estereotipado e repetitivo e distúrbios motores. A
Síndrome de Asperger (SA) é uma das entidades categorizadas pela CID-10 no
grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do Desenvolvimento – F84 e que
todas elas iniciam invariavelmente na infância e com comprometimento no
desenvolvimento além de serem fortemente relacionadas a maturação do SNC. Pode-se
dizer também que desse grupo (Autismo Infantil, Autismo Atípico, a Síndrome de Rett
e outros menos relevantes) a SA é o transtorno menos grave do continuum
autístico.
HISTÓRIA
Transtorno de Asperger foi descrita
pela primeira vez em 1940 pelo pediatra vienense Hans Asperger, que observou
autistas com comportamentos semelhantes e dificuldades com as habilidades
sociais e de comunicação em meninos que tinham inteligência normal e desenvolvimento
da linguagem. Muitos profissionais acharam que o Transtorno de Asperger
era simplesmente uma forma mais branda de autismo e usou o termo "autismo
de alto funcionamento" para descrever esses indivíduos.
PREVALÊNCIA
Em geral há a proporção de 4 homens
para 1 mulher.
ETIOLOGIA
Ainda desconhecida.
CARACTERÍSTICAS
O que distingue o Transtorno de
Asperger Transtorno de autismo é a gravidade dos sintomas e a ausência de
atrasos de linguagem. As crianças com Transtorno de Asperger podem ser
apenas ligeiramente afetadas e freqüentemente têm uma boa linguagem e
habilidades cognitivas. Para o observador não treinado, uma criança com
Transtorno de Asperger pode parecer apenas uma criança normal com comportamento
diferente.
As crianças com autismo são
freqüentemente vistas como distantes e desinteressadas em outras. Este não
é o caso com Distúrbio de Asperger. Os indivíduos com Transtorno de
Asperger geralmente querem se encaixar e ter uma interação com os outros, eles
simplesmente não sabem como fazê-lo. Eles podem ser socialmente
desajeitados, podem não entender de regras sociais convencionais, ou mostrar
uma falta de empatia. Eles podem ter contato visual limitado, parecem
estar descomprometida em uma conversa, e não entender o uso de gestos.
Interesses em um determinado assunto
pode beirar o obsessivo. As crianças com Transtorno de Asperger
freqüentemente gostam de colecionar categorias de coisas, tais como pedras ou
tampas de garrafas. Eles podem ser proficiente em saber categorias de
informações, tais como estatísticas de beisebol ou nomes latinos de flores. Embora
tenham boas habilidades de memorização, eles têm dificuldade com conceitos
abstratos.
Uma das principais diferenças entre o
Transtorno de Asperger e autismo é que, por definição, não há atraso de fala em
síndrome de Asperger. Na verdade, as crianças com Transtorno de Asperger
freqüentemente têm bons conhecimentos linguísticos, eles simplesmente usam a
linguagem de maneiras diferentes. Padrões de fala podem ser incomuns, falta
inflexão ou têm uma natureza rítmica, ou pode ser formal, mas muito alto ou
agudo. As crianças com Transtorno de Asperger podem não entender as
sutilezas do idioma, como ironia e humor, ou eles podem não compreender a
natureza dar-e-receber de uma conversa.
Outra distinção entre Transtorno de
Asperger e autismo é a capacidade cognitiva. Enquanto alguns indivíduos
com autismo apresentam déficit intelectual, , uma pessoa com Transtorno de
Asperger não possui esse atraso cognitivo e sim uma inteligência acima da
média.
Enquanto dificuldades motoras não são
um critério específico para síndrome de Asperger, crianças com Transtorno de
Asperger freqüentemente têm atrasos de habilidade motoras e podem parecer
desajeitadas.
DIAGNÓSTICO
Para o clínico, não pesquisador, basta
seguir os pontos críticos:
Na anamnese
Solitários; ausência do “melhor
amigo”; ausência de atraso de linguagem(nos quadros clássicos);brincar com
pouca imaginação / fantasia limitada; pouco brincar de faz-de-conta; ausência
das perguntas do porquê das coisas; dificuldade de seguir a regra nas brincadeiras
em grupo pois tem a tendência de sempre determinar a regra; pouco
interesse em pessoas / crianças, exceto quando estão na órbita de seu interesse
específico; interesses e habilidades específicas; interesses focados em coisas,
como mecânicas, eletrônicas e não em gente; história de serem estabanados e com
dificuldade para escrever; histórico de perguntas
inadequadas as pessoas não conhecidas; histórico familiar de quadros similares,
usualmente na linhagem masculina.
Ao exame
Andar desajeitado; postura bizarra de
braços e mãos; pouco olhar para o interlocutor; mímica facial e corporal pobre
e dissociada da conversa; afetividade superficial; afetividade plana (um
paciente referia que nada o irritava e que nada o incomodava, outro foi
encaminhado para avaliação porque não demonstrou reação ao falecimento da mãe);
voz com pouca ou sem modulação (robotizada); fala rebuscada sem a compreensão devida
dos termos; persistência no assunto de seu interesse; dificuldade de
compreender piadas; compreensão superficial de significados abstratos (p.ex: diferença
entre colega e amigo); dificuldade de compreensão do significado de frase
quando o diferencial é o tom da voz; ruminações e preocupações ilógicas, para
os não afetados; percepção de que é diferente dos colegas e irmãos (a partir da
pré-adolescência); conhecimento desproporcional em algum assunto – interesse
específico (que pode variar com o tempo); pedantismo ( pelo dicionário Aurélio:
“aquele que ostenta erudição que não possui, de forma afetada, livresca,
rebuscada”); sintomas obsessivos (que inclusive o incomodam); humor deprimido;
memória muito boa, as vezes fotográfica; dificuldade na narrativa de fatos vividos,
etc.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Autismo infantil (AI),
- Transtorno esquizóide de personalidade e
- Esquizofrenia infantil.
O diagnóstico diferencial mais
polêmico é entre AS e Autismo de Alto Funcionamento ou Alto Desempenho (AAF).
Também a hipótese de superdotado é frequente, assim como distúrbios de comportamento
não especificados.
ASPERGER NA ADOLESCÊNCIA E NA VIDA ADULTA
A Síndrome de Asperger pode ser mais
difícil de reconhecer durante a adolescência e vida adulta. Há invariavelmente
problemas escolares, incapacidade de mobilizar esforços para uma atividade que
não constitui para eles prioridade e incapacidade de compreender o seu
interesse futuro.
A marginalização por parte de colegas
pode ser um problema grave. No extremo oposto, pode haver um comportamento
agressivo ou mesmo anti-social do indivíduo com S. Asperger. É frequente a
incapacidade de trabalhar em grupo de forma adequada.
Os problemas de higiene são frequentes
nos adolescentes com Asperger.
A integração no meio laboral é muito difícil. A autonomização pode nunca chegar
a acontecer.
São quase sempre incapazes de
estabelecer relações afectivo-sexuais estáveis. A depressão é frequente nestas
idades, sobretudo nos indivíduos de comportamento mais passivo.
PROGNÓSTICO
Mesmo que seja o quadro mais leve dos
TID, é sempre reservado pois implica na capacidade da pessoa aprender a
adaptar-se ao meio social.
FONTE:
SOCIETY AUTISM. Sindrome de Asperger.http://www.autism-society.org/about-autism/aspergers-syndrome/
CAMARGOS, Walter et al. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3 Milênio. Brasilília: 2005.
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