quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SÍNDROME DE ASPERGER

A Síndrome de Asperger é um transtorno de múltiplas funções do psiquismo com afetação principal na área do relacionamento interpessoal e no da comunicação, embora a fala seja relativamente normal. Há ainda interesses e habilidades específicas, o pedantismo, o comportamento estereotipado e repetitivo e distúrbios motores. A Síndrome de Asperger (SA) é uma das entidades categorizadas pela CID-10 no grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do Desenvolvimento – F84 e que todas elas iniciam invariavelmente na infância e com comprometimento no desenvolvimento além de serem fortemente relacionadas a maturação do SNC. Pode-se dizer também que desse grupo (Autismo Infantil, Autismo Atípico, a Síndrome de Rett e outros menos relevantes) a SA é o transtorno menos grave do continuum autístico.

HISTÓRIA
Transtorno de Asperger foi descrita pela primeira vez em 1940 pelo pediatra vienense Hans Asperger, que observou autistas com comportamentos semelhantes e dificuldades com as habilidades sociais e de comunicação em meninos que tinham inteligência normal e desenvolvimento da linguagem. Muitos profissionais acharam que o Transtorno de Asperger era simplesmente uma forma mais branda de autismo e usou o termo "autismo de alto funcionamento" para descrever esses indivíduos. 

PREVALÊNCIA
Em geral há a proporção de 4 homens para 1 mulher.

ETIOLOGIA
Ainda desconhecida.

CARACTERÍSTICAS
O que distingue o Transtorno de Asperger Transtorno de autismo é a gravidade dos sintomas e a ausência de atrasos de linguagem. As crianças com Transtorno de Asperger podem ser apenas ligeiramente afetadas e freqüentemente têm uma boa linguagem e habilidades cognitivas. Para o observador não treinado, uma criança com Transtorno de Asperger pode parecer apenas uma criança normal com comportamento diferente.

As crianças com autismo são freqüentemente vistas como distantes e desinteressadas em outras. Este não é o caso com Distúrbio de Asperger. Os indivíduos com Transtorno de Asperger geralmente querem se encaixar e ter uma interação com os outros, eles simplesmente não sabem como fazê-lo. Eles podem ser socialmente desajeitados, podem não entender de regras sociais convencionais, ou mostrar uma falta de empatia. Eles podem ter contato visual limitado, parecem estar descomprometida em uma conversa, e não entender o uso de gestos.

Interesses em um determinado assunto pode beirar o obsessivo. As crianças com Transtorno de Asperger freqüentemente gostam de colecionar categorias de coisas, tais como pedras ou tampas de garrafas. Eles podem ser proficiente em saber categorias de informações, tais como estatísticas de beisebol ou nomes latinos de flores. Embora tenham boas habilidades de memorização, eles têm dificuldade com conceitos abstratos.

Uma das principais diferenças entre o Transtorno de Asperger e autismo é que, por definição, não há atraso de fala em síndrome de Asperger. Na verdade, as crianças com Transtorno de Asperger freqüentemente têm bons conhecimentos linguísticos, eles simplesmente usam a linguagem de maneiras diferentes. Padrões de fala podem ser incomuns, falta inflexão ou têm uma natureza rítmica, ou pode ser formal, mas muito alto ou agudo. As crianças com Transtorno de Asperger podem não entender as sutilezas do idioma, como ironia e humor, ou eles podem não compreender a natureza dar-e-receber de uma conversa.

Outra distinção entre Transtorno de Asperger e autismo é a capacidade cognitiva. Enquanto alguns indivíduos com autismo apresentam déficit intelectual, , uma pessoa com Transtorno de Asperger não possui esse atraso cognitivo e sim uma inteligência acima da média.

Enquanto dificuldades motoras não são um critério específico para síndrome de Asperger, crianças com Transtorno de Asperger freqüentemente têm atrasos de habilidade motoras e podem parecer desajeitadas.

DIAGNÓSTICO
Para o clínico, não pesquisador, basta seguir os pontos críticos:

Na anamnese
Solitários; ausência do “melhor amigo”; ausência de atraso de linguagem(nos quadros clássicos);brincar com pouca imaginação / fantasia limitada; pouco brincar de faz-de-conta; ausência das perguntas do porquê das coisas; dificuldade de seguir a regra nas brincadeiras em grupo pois tem a tendência de sempre determinar a regra; pouco interesse em pessoas / crianças, exceto quando estão na órbita de seu interesse específico; interesses e habilidades específicas; interesses focados em coisas, como mecânicas, eletrônicas e não em gente; história de serem estabanados e com dificuldade para escrever; histórico de perguntas inadequadas as pessoas não conhecidas; histórico familiar de quadros similares, usualmente na linhagem masculina.

Ao exame
Andar desajeitado; postura bizarra de braços e mãos; pouco olhar para o interlocutor; mímica facial e corporal pobre e dissociada da conversa; afetividade superficial; afetividade plana (um paciente referia que nada o irritava e que nada o incomodava, outro foi encaminhado para avaliação porque não demonstrou reação ao falecimento da mãe); voz com pouca ou sem modulação (robotizada); fala rebuscada sem a compreensão devida dos termos; persistência no assunto de seu interesse; dificuldade de compreender piadas; compreensão superficial de significados abstratos (p.ex: diferença entre colega e amigo); dificuldade de compreensão do significado de frase quando o diferencial é o tom da voz; ruminações e preocupações ilógicas, para os não afetados; percepção de que é diferente dos colegas e irmãos (a partir da pré-adolescência); conhecimento desproporcional em algum assunto – interesse específico (que pode variar com o tempo); pedantismo ( pelo dicionário Aurélio: “aquele que ostenta erudição que não possui, de forma afetada, livresca, rebuscada”); sintomas obsessivos (que inclusive o incomodam); humor deprimido; memória muito boa, as vezes fotográfica; dificuldade na narrativa de fatos vividos, etc.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
  • Autismo infantil (AI),
  • Transtorno esquizóide de personalidade e
  • Esquizofrenia infantil.
O diagnóstico diferencial mais polêmico é entre AS e Autismo de Alto Funcionamento ou Alto Desempenho (AAF). Também a hipótese de superdotado é frequente, assim como distúrbios de comportamento não especificados.

ASPERGER NA ADOLESCÊNCIA E NA VIDA ADULTA
A Síndrome de Asperger pode ser mais difícil de reconhecer durante a adolescência e vida adulta. Há invariavelmente problemas escolares, incapacidade de mobilizar esforços para uma atividade que não constitui para eles prioridade e incapacidade de compreender o seu interesse futuro.

A marginalização por parte de colegas pode ser um problema grave. No extremo oposto, pode haver um comportamento agressivo ou mesmo anti-social do indivíduo com S. Asperger. É frequente a incapacidade de trabalhar em grupo de forma adequada.
Os problemas de higiene são frequentes nos adolescentes com Asperger.

A integração no meio laboral é muito difícil. A autonomização pode nunca chegar a acontecer.
São quase sempre incapazes de estabelecer relações afectivo-sexuais estáveis. A depressão é frequente nestas idades, sobretudo nos indivíduos de comportamento mais passivo.

PROGNÓSTICO
Mesmo que seja o quadro mais leve dos TID, é sempre reservado pois implica na capacidade da pessoa aprender a adaptar-se ao meio social.

FONTE:
SOCIETY AUTISM. Sindrome de Asperger.http://www.autism-society.org/about-autism/aspergers-syndrome/
CAMARGOS, Walter et al. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3 Milênio. Brasilília: 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário